Representada pela presidente Rosely Sampaio, a Cruz Vermelha Brasileira participou, hoje, do Seminário de Proteção Integral de Crianças e Adolescentes, na sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. O evento foi organizado pela CBF Social, braço da confederação que cuida de projetos para a comunidade.
Logo após as boas-vindas do secretário-geral da CBF, Walter Feldman, Rosely Sampaio fez um breve histórico sobre as atividades da centenária instituição de ajuda humanitária e falou da sua satisfação em poder promover uma “tabelinha com a CBF, para transmitir aos jovens brasileiros a importância de sermos cidadãos e torcedores solidários”.
Entre os palestrantes do Seminário estavam o ex-presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Estado do Rio de Janeiro, Siro Darlan e a advogada Thais Bauer, da Rede Certa, projeto para realização de oficinas em escolas públicas com crianças e adolescentes e distribuição de cartilha orientadora na prevenção ao tráfico de pessoas no futebol. Outro palestrante foi Carlos Nicodemos, advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Estado do Rio de Janeiro, entre 2009 e 2010, e vice-presidente do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Em sua rápida fala antes dos palestrantes, o presidente nacional de médicos no futebol, Jorge Pagura, proferiu a frase que foi o principal fio condutor para os palestrantes: “quando o futebol fala, todos escutam”. Por isso, foi consenso que o esporte mais popular do mundo deve ir além das quatro linhas. Precisa aproveitar seu poder de difusão para também promover uma sociedade mais solidária.
Darlan e Nicodemos consideram que as leis brasileiras de proteção às crianças e adolescentes são adequadas. No entanto, as práticas precisam ser aprimoradas. Caso contrário, se as crianças não forem tratadas de forma integral, “não será possível construir uma sociedade justa e feliz”.
Foi dito ainda no seminário que, como terreno fértil para sonhos dos jovens e seus familiares, o futebol é uma grande fonte de desilusão e de aproveitamento de crianças e adolescentes que buscam o estrelato. Afinal, cerca 99% daqueles que desejam ingressar em um grande time de futebol não conseguem se firmar.
Thais Bauer afirmou que é necessário criar mecanismos de prevenção ao tráfico de crianças e adolescentes. Apesar das leis coibirem, o esporte, segundo disse, pode ser também encarado como uma forma de escravidão que atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano no mundo. Ela revelou que, depois das drogas e armas, o tráfego de pessoas é a terceira atividade ilícita mais rentável. Portanto, não são poucos os que se aproveitam do sonho de ascensão social que o futebol sugere.
Nicodemos salientou que a rede de proteção aos jovens deve ser intensificada, com o incremento aos times femininos. Sobre o envolvimento da Cruz Vermelha Brasileira em ações sociais envolvendo o futebol, ele classificou como “muito importante, por conta do seu longo histórico em projetos sociais”.
Representante do ministério do Esporte, o coordenador-geral de defesa dos direitos do torcedor, Zé Silva Júnior, também presente ao evento, foi outro que saudou a participação da CVB. Ele considera que “com sua ampla experiência em trabalhos que promovem o bem-estar social, a instituição tem muito a contribuir”.
Organizador do seminário e gerente da CBF Social, Diogo Neto contou que deseja, em cerca de 30 dias, formalizar novos projetos em parceria com Cruz Vermelha Brasileira, tendo como foco torcedores e jovens.